Os serviços de informações portugueses estão em estado de alerta, na sequência das informações recolhidas junto dos congéneres espanhóis, dando conta de um risco terrorista directo para Portugal, soube o JN junto de fonte dos Serviços. "Estamos a levar a sério a informação recebida", esclareceu uma fonte do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), que tutela os serviços de informações, adiantando ser a primeira vez que tal acontece no nosso país e que há dados sobre dois suspeitos, de origem paquistanesa, em Portugal. Os dois suspeitos estarão associados ao grupo de 14 indivíduos detidos esta semana em Barcelona, todos indiciados por terrorismo (ver texto em baixo).
Ontem, os Serviços e a Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) da PJ desdobraram-se em recolha de informação e contactos internacionais, para avaliar o nível de ameaça para o nosso país. Também o SEF esteve a trabalhar junto das comunidades de imigrantes, em particular indo-paquistanesas, enquanto a GNR e a PSP aumentavam a vigilância sobre os pontos de entrada e saída do país.
A informação foi também passada ao Gabinete do primeiro-ministro e a mais alguns ministros, assim como à Presidência da República - tanto mais que Cavaco Silva tem previstas deslocações pelo país esta semana. "É uma questão de precaução", apontou uma fonte bem colocada. O risco está associado à visita do presidente do Paquistão à Europa.
A informação chegou há quatro dias ao Serviço de Informações de Segurança (SIS) através do Centro Nacional de Inteligencia (CNI), o organismo espanhol similar ao SIRP, que tutela o SIS e o SIED. A informação foi recolhida na sequência das investigações que as autoridades espanholas estavam a realizar contra uma célula terrorista, que tinha por base Barcelona e que foi desmantelada.
Segundo noticiou o "El País" de ontem, na sua edição digital, o "CNI alertou a França, o Reino Unido e Portugal de que células itinerantes compostas principalmente por cidadãos paquistaneses estão a preparar-se para cometer atentados".
A informação chegada a Portugal dava conta de um risco directo para o nosso país, mas anteontem, enquanto decorria a Cimeira Luso-Espanhola, pormenorizava que em Portugal já estavam ou tinham estado dois paquistaneses associados ao grupo terrorista que as autoridades espanholas se preparavam para deter. O mesmo aviso dava conta da identificação dos dois paquistaneses, com ligações à al-Qaeda, e classificados como operacionais da organização.
Facção radical islâmica
O secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança, general Leonel Carvalho, confirma, em declarações ao JN, a existência da informação espanhola referente aos dois paquistaneses, mas afirma desconhecer se estão, ou não, a ser procurados. Quanto ao risco terrorista para Portugal, Leonel Carvalho desvaloriza e sustenta que "isso nunca aconteceu" - se bem que admita que foram dadas indicações para aumentar a vigilância sobre as fronteiras terrestres e sobre portos e aeroportos.
O aumento da preocupação do SIRP e da PJ está, no entanto, também associado à existência de uma comunidade indo-paquistanesa islâmica, com cerca de 20 mil pessoas, e de um núcleo radical, à volta da facção Tablighi Jamaat, que tem vindo a ganhar influência no nosso país - e que há muito está sob atenção da DCCB e do SIS.
Em causa não está a facção em si, mas o discurso radical e o facto de poder levar alguns aderentes (em particular os mais jovens) a dar o salto do radicalismo religioso para o radicalismo político e, daí, para o terrorismo.
http://jn.sapo.pt/2008/01/20/nacional/sis_leva_a_serio_aviso_espanhol_risc.html
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