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Ontem, os Serviços e a Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) da PJ desdobraram-se em recolha de informação e contactos internacionais, para avaliar o nível de ameaça para o nosso país. Também o SEF esteve a trabalhar junto das comunidades de imigrantes, em particular indo-paquistanesas, enquanto a GNR e a PSP aumentavam a vigilância sobre os pontos de entrada e saída do país.
A informação foi também passada ao Gabinete do primeiro-ministro e a mais alguns ministros, assim como à Presidência da República - tanto mais que Cavaco Silva tem previstas deslocações pelo país esta semana. "É uma questão de precaução", apontou uma fonte bem colocada. O risco está associado à visita do presidente do Paquistão à Europa.
A informação chegou há quatro dias ao Serviço de Informações de Segurança (SIS) através do Centro Nacional de Inteligencia (CNI), o organismo espanhol similar ao SIRP, que tutela o SIS e o SIED. A informação foi recolhida na sequência das investigações que as autoridades espanholas estavam a realizar contra uma célula terrorista, que tinha por base Barcelona e que foi desmantelada.
Segundo noticiou o "El País" de ontem, na sua edição digital, o "CNI alertou a França, o Reino Unido e Portugal de que células itinerantes compostas principalmente por cidadãos paquistaneses estão a preparar-se para cometer atentados".
A informação chegada a Portugal dava conta de um risco directo para o nosso país, mas anteontem, enquanto decorria a Cimeira Luso-Espanhola, pormenorizava que em Portugal já estavam ou tinham estado dois paquistaneses associados ao grupo terrorista que as autoridades espanholas se preparavam para deter. O mesmo aviso dava conta da identificação dos dois paquistaneses, com ligações à al-Qaeda, e classificados como operacionais da organização.
Facção radical islâmica
O secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança, general Leonel Carvalho, confirma, em declarações ao JN, a existência da informação espanhola referente aos dois paquistaneses, mas afirma desconhecer se estão, ou não, a ser procurados. Quanto ao risco terrorista para Portugal, Leonel Carvalho desvaloriza e sustenta que "isso nunca aconteceu" - se bem que admita que foram dadas indicações para aumentar a vigilância sobre as fronteiras terrestres e sobre portos e aeroportos.
O aumento da preocupação do SIRP e da PJ está, no entanto, também associado à existência de uma comunidade indo-paquistanesa islâmica, com cerca de 20 mil pessoas, e de um núcleo radical, à volta da facção Tablighi Jamaat, que tem vindo a ganhar influência no nosso país - e que há muito está sob atenção da DCCB e do SIS.
Em causa não está a facção em si, mas o discurso radical e o facto de poder levar alguns aderentes (em particular os mais jovens) a dar o salto do radicalismo religioso para o radicalismo político e, daí, para o terrorismo.
http://jn.sapo.pt/2008/01/20/nacional/sis_leva_a_serio_aviso_espanhol_risc.html
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