janeiro 21, 2008

"A armadilha do Kosovo e o futuro da Europa" in Expresso, 19 de Janeiro de 2008


No meio da generalizada deriva europeia sobre a questão da independência do Kosovo, o artigo assinado pelo eurodeputado Mário David no "Expresso" desta semana, é uma invulgar voz de bom senso. O autor alerta para aquele que poderá ser "um gravíssimo precedente no âmbito do Direito Internacional" e para as consequências da actual política míope da União Europeia. Se a declaração de independência (unilateral) do Kosovo for reconhecida, interroga-se este, "que legitimidade haverá para obstaculizar que a República Serbsca não queira continuar na Bósnia Herzegovina? E a questão da Voivodina? Da Transnistria? ou da Transsilvânia? ou da Ossétia ou da Abcásia? Ou da Tchetchénia ou outras dezenas de repúblicas da zona que nunca ouvimos até agora falar? São nomes que não nos dizem quase nada? E quando o precedente for invocado pela Córsega, pela Flandres, pelo País Basco ou pela Catalunha? Aí já não vale?". Infelizmente tudo indica que esta União, que há vários anos está em dupla fuga para a frente - faz tratados e alargamentos alimentando uma ilusão de "Europa em movimento" -, vai optar pelo mais fácil: o reconhecimento da independência do Kosovo. Todavia, as consequências desta decisão aparecerão certamente mais à frente. As futuras gerações europeias arriscam-se a ter de pagar a factura deste perigoso e irresponsável precedente, que abre caminho a "uma Europa atomizada de dezenas de regiões em permanente querela para a afirmação obsessiva das suas mini-identidades"! Quo vadis Europa?
JPTF 2000/01/21

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