janeiro 12, 2008

Adeus ao proletariado, vivam os estudos queer!


Desde que em 1980 o filósofo e crítico social marxista, André Gorz, proclamou o "adeus ao proletariado" muita coisa mudou em França, na Europa e no mundo. A exploração burguesa-capitalista do proletariado, a raison d ´être da ideologia marxista e da utopia da sociedade sem classes, deu lugar a novas causas pós-modernas e moralmente correctas. A tradicional preocupação marxista com a economia foi substituída por uma nova obsessão com a cultura. A velha utopia de uma sociedade radicalmente igualitária e da fraternidade operária, deu lugar à nova utopia multiculturalista, de identidades alternativas, emancipadas da opressão normalização liberal. A luta genuinamente progressista pela igualdade degenerou num culto fetichista da diferença. O marxismo clássico metamorfoseou-se, ou foi pervertido, em "marxismo cultural". Os estudos económicos marxistas foram ultrapassados pelos estudos culturais e pelos estudos queer na academia. O sociólogo-antropólogo-crítico cultural pós-moderno ocupou o lugar do economista marxista-científico como intellectuel engagé e defensor de causas. A classe operária, demasiado insensível, preconceituosa e politicamente incorrecta, foi afastada do pedestral em que se encontrava, sendo o panteão agora ocupado por novos ídolos oprimidos: as minorias étnicas, religiosas e de género e as orientações sexuais alternativas (GLBT). O nº 76 da Revista Crítica de Ciências Sociais mostra-nos como estas tendências "científicas" e "inovadoras" chegaram (atrasadas e por imitação, como quase sempre) também à academia portuguesa. Uma leitura imprescindível para todos os proletários e outros ex-oprimidos perceberem quem (não) se preocupa com eles.
JPTF 2008/01/12

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