abril 02, 2008

Vencer o Medo, de Magdi Allam


Magdi Allam, actual vice-director do Corriere della Sera - o mais prestigiado jornal italiano -, tornou-se recentemente objecto de atenção internacional, após ter sido baptizado pelo Papa Bento XVI na vigília de Páscoa de 2008. Tratou-se, sem dúvida, de um acto com simbolismo espiritual e religioso, mas também político. Magdi Allam nasceu no Egipto, numa família muçulmana, e o baptismo significou um abandono público do Islão e a sua conversão ao Cristianismo. Note-se que esta conversão é bastante problemática do ponto de vista tradicional da Xária (Sharia), pois a apostasia, ou seja a renúncia ou abandono do Islão, é considerada susceptível de pena de morte para o adulto masculino são. Desde os acontecimentos de 11 de Setembro de 2001 que Magdi Allam tem sido um dos personagens da vida pública italiana que mais veementemente tem denunciado o islamismo radical. Isto valeu-lhe várias críticas e inimizadas, dentro e fora de organismos do Islão italiano (sobretudo com membros do UCOII como o seu secretário, Hamza Roberto Piccardo, um ex-militante do grupo de extrema-esquerda Autonomia Operaria, entretanto convertido ao Islão). Face a diversas ameaças recebidas desde 2003, encontra-se actualmente a viver sob protecção policial. Autor de vários livros, Magdi Allam publicou em 2005 Vencer o Medo. A Minha Vida Contra o Terrorismo Islâmico e a Inconsciência do Ocidente. Trata-se de um escrito essencialmente biográfico, onde relata a sua vida desde o seu nascimento e juventude no Egipto de Nasser, até à sua ida para Itália nos anos 70, país de que é cidadão e ao qual se sente profundamente ligado e reconhecido. Neste livro começa por descrever o ambiente laico e de um Islão tolerante, que conheceu no Egipto dos anos 60 (o qual, entretanto, desapareceu progressivamente, com a ascensão Anwar el-Sadat ao poder e a crescente influência de grupos islamistas radicais como os Irmãos Muçulmanos), o radicalismo que acabou por conhecer em Itália e o desafio e perigos que o islamismo radical e jihadismo trouxeram, não só para os muçulmanos tolerantes e modernizadores, como para as próprias sociedades ocidentais. O livro termina com duas cartas abertas: uma dirigida à conhecida jornalista italiana Oriana Fallaci (autora dos polémicos livros A Raiva e o Orgulho e a Força da Razão, entretanto falecida) e outra a Tariq Ramadan (neto de Hassan al-Banna, o fundador dos Irmãos Muçulmanos no Egipto), um dos mais hábeis islamistas que actuam no Ocidente procurando tirar partido da ‘janela de oportunidade‘ conferida pela ideologia e políticas do multiculturalismo.
JPTF 2/04/2008

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