fevereiro 04, 2008

Reino Unido vai usar novilíngua na guerra ao terrorismo


Um novo glossário de contra-terrorismo está a ser distribuído aos burocratas e diplomatas britânicos. A novilíngua contra-terrorista, parece saída do Ministério da Verdade imaginado por George Orwell, o escritor britânico da primeira metade do século XX que escreveu a célebre obra de ficção "1984" (originalmente era uma sátira aos totalitarismos de tipo soviético). A ironia é que hoje são democracias liberais como a britânica, com um profundo historial de liberdade - mas cada vez mais corroidas por dentro pela ideologia politicamente correcta -, quem parece estar a recorrer a técnicas orvelianas para conformar a forma de pensamento e de expressão dos seus cidadãos. Assim, o governo de Gordon Brown vai iniciar o uso oficial de uma novilíngua que se propõe abandonar a antiga "retórica agressiva" do que até agora conhecíamos pelo nome de "guerra ao terror". O glossário sobre a nova forma de pensar e falar é dirigido especialmente ao funcionalismo público. (Espera-se que depois se possa alargar à imprensa, através dos assessores e agências de comunicação e, por essa via, também educar o indivíduo comum, sempre propício a usar expressões politicamente incorrectas.) Na novilíngua foi banido o uso de expressões como "extremismo-islamista" ou "fundamentalismo jihadista". Agora, as expressões aconselhadas são "extremismo violento" e "assassinos criminosos". Qualquer cidadão-modelo deve também esforçar-se por utilizá-las. Algumas ONG´s islamistas-jihadistas britânicas, apoiadas por diversas filiais noutros Estados da União Europeia, reagiram mal a esta iniciativa do governo trabalhista britânico, acusando-o de jihadofobia. Consideram que a sua identidade está a ser mal representada, pelo que estão a ponderar a possibilidade de recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Todavia, esta crítica é muito exagerada. Com esta brilhante estratégia britânica que, com um só golpe linguístico, varreu do mapa os islamistas-jihadistas da Al-Qaeda e outros grupos afins (Bin Laden está a tremer de medo nas montanhas de Tora-Bora, receando os efeitos devastadores que este glossário vai ter nas suas hostes), a "guerra ao terrorismo" está ganha. Ninguém duvida que esta mudança semântica tem os efeitos de uma eliminação física. Já podemos todos voltar a preocupar-nos só com coisas verdadeiramente importantes como o futebol.
JPTF 4/02/2008

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