janeiro 20, 2007
Livro “Rethinking Islamism: The Ideology of New Terror” de Meghnad Desai, Londres, Editora I. B. Tauris, 2006
O livro Rethinking Islamism: The Ideology of New Terror/Repensar o Islamismo: A Ideologia do Novo Terror, de Lord Meghnad Desai (membro da Câmara dos Lordes, de ascendência indiana, ligado ao Partido Trabalhista britânico e ex-professor de Economia da London School of Economics and Political Science), traz um contributo importante para a compreensão do Islamismo, como ideologia política. Desde logo, porque o autor tem o cuidado de traçar uma distinção conceptual importante, entre o Islão (uma religião e cultura) e o Islamismo (uma ideologia política), evitando cair na vulgata distorcedora do «conflito de civilizações» e na vulgata alternativa da «aliança de civilizações». A consequência salutar desta distinção é que mostra o absurdo de equacionar o Islão e os muçulmanos, no seu conjunto, com o terrorismo. Ou seja, estamos perante uma ideologia política específica, cujas raízes se encontram de facto no Islão, como cultura e religião, mas cujos primeiros inimigos são os próprios muçulmanos que se lhe opõem (a maioria). Depois, porque como assinala o autor, apesar da sua fraseologia religiosa, a ideologia do islamismo, na sua versão mais extrema (o jihadismo), não é qualitativamente muito diferente de outras ideologias seculares ocidentais extremistas que, de uma forma ou de outra, promoveram também a violência e o terror (Meghnad Desai exemplifica a sua comparação com o Leninismo, o Trotskysmo e o Maoísmo, bem como com grupúsculos terroristas como o Baader-Meinhof germânico e as Brigadas Vermelhas italianas). Uma análise lúcida e bastante interessante feita por um não especialista no Islamismo, na sequência dos traumáticos atentados terroristas de 7/7 de 2005 em Londres. O aspecto menos conseguido do livro é um excesso de ênfase no extremo do Islamismo, o jhiadismo (e na Al-Qaeda de Osama Bin-Laden), esquecendo outras facetas e estratégias, menos violentas e espectaculares, mas não menos perigosas do ponto de vista ideológico e de desestruturação social, deste amplo e heterogéneo movimento, que tem tido no Reino Unido um ambiente particularmente acolhedor para as suas acções.
JPTF 20/01/2007
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