Resumo
O final da competição ideológica da Guerra Fria foi percebido como o «fim da história», no sentido de fim da evolução ideológica da humanidade, com a universalização do capitalismo e do modelo ocidental de democracia liberal parlamentar. Esta percepção, derivada duma visão eurocêntrica e associada à ideia novecentista de que a economia política é o campo natural da luta ideológica, levou a uma visão redutora do mundo e ao subestimar do potencial de atracção de outras ideologias, cujo cerne é «cultural», ou com raízes fora da cultura do Ocidente. É esse o caso do multiculturalismo, a mais recente e influente ideologia ocidental da diferença, bem como o do islamismo, uma poderosa ideologia de ambição universalista, cujas raízes intelectuais se encontram no Islão. Assim, neste livro, propõe-se uma análise sistemática e crítica destas duas ideologias, que têm merecido um escasso interesse no âmbito das publicações da Ciência Política e Relações Internacionais, apesar da sua relevância na política interna e internacional. Especificamente, a abordagem incide sobre as raízes filosóficas, os principais pensadores, as características distintivas e as versões em que estas ideologias se materializam. É ainda analisado o potencial de expansão do islamismo e as suas relações com o multiculturalismo, incluindo as suas estratégias de difusão nas sociedades europeias e ocidentais, bem como estudado o impacto que estes dois ideários têm na actual percepção histórica do passado.
Índice de Conteúdos
1. O islamismo como ideologia não ocidental de ambição universalista
2. A conexão cultural na Europa: a diáspora muçulmana e as populações autóctones dos Balcãs
3. A nova ideologia ocidental da diferença: o multiculturalismo
4. As alternativas estratégicas do islamismo nas sociedades ocidentais
5. A (re)leitura do passado à luz da ideologia do presente: o caso do Andalus
Almedina ISBN 972-40-2959-X
Recensão publicada na revista R:I nº 17 (2008)
JPTF 12/01/2007
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