janeiro 18, 2007

Livro “Culture and Equality: An Egalitarian Critique of Multiculturalism”, de Brian Barry, Imprensa da Universidade de Harvard, 2001



Excelente crítica ao multiculturalismo – a nova ideologia ocidental da diferença –, feita de um ponto de vista liberal e igualitário, por Brian Barry, professor de Filosofia e Ciência Política da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Um livro de referência no debate contemporâneo da Filosofia e Ciência Política, com óbvia relevância para a acção política. Particularmente interessantes e bem elaboradas são as críticas de Brian Barry às teses daqueles que podem ser considerados os ideológos do multiculturalismo, seja na versão «multicultural-liberal» do canadiano Will Kymlicka, seja na versão «marxista-cultural» da norte-americana Iris Marion Young. Como defensor da ideia da nação cívica e de uma cidadania unitária e igualitária, Brian Barry rejeita o multiculturalismo (e a tentação comunitarista), em qualquer das suas versões. Este relembra que a construção da cidadania igualitária foi o modelo das sociedades europeias para acomodar a diferença religiosa subsequente à extrema diversidade da Europa dos séculos XVI e XVII e às guerras de religião que a devastaram. O modelo de cidadania igualitária que daí resultou abstrai da diversidade religiosa e cultural, tendo sido determinante na pacificação social europeia subsequente à Reforma Protestante. Nas últimas décadas, as políticas de identidade (ou políticas da diferença), reclamadas pelos ideólogos do multiculturalismo (e postas em prática no Canadá, nos EUA, no Reino Unido, na Austrália, na Holanda, etc.), actuaram como factor duplicador da diferença, destruindo progressivamente a ideia de nação cívica e de uma cidadania igualitária.
JPTF 2007/01/11

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