A
valorização do euro entre 2000 e 2009 e a nova vaga de globalização -
com a emergência da China, a integração da Europa de Leste na União
Europeia e os choques petrolíferos e de preços de outras commodities
- provocaram um abalo "assimétrico" dentro da zona euro, com os países
"periféricos" a serem as vítimas de um ecossistema que gerou o aumento
do endividamento e a perda de competitividade durante essa década. A
grande crise financeira que irrompeu em 2007 veio colocar a nu essa nova
realidade.
"A evidência que encontrámos de choques
assimétricos exige que se coloquem no terreno mecanismos de partilha
centralizada de risco e de transferência através dos países da zona euro
de modo a facilitar o ajustamento em relação aos choques específicos de
cada país", afirmam Ruo Chen, Gian-Maria Milesi-Ferretti e Thierry
Tressel em "External Imbalances in the Euro Area" (Desequilíbrios
externos na zona euro"). O trabalho de investigação dos três
especialistas do Departamento de Investigação do Fundo Monetário
Internacional (FMI) foi publicado nos "Working Papers" daquela
instituição em setembro e aparecerá na revista "Economic Policy". O
estudo centrou-se nos cinco maiores devedores líquidos da zona euro -
Espanha, Grécia, Irlanda, Itália e Portugal.
Por isso, aqueles economistas do FMI afirmam que o
"ajustamento externo" naqueles países deficitários não pode depender
apenas do que "tradicionalmente" é recomendado - uma "mistura", por um
lado, de políticas de consolidação orçamental e desvalorização interna
e, por outro, de fomento da produtividade e da competitividade das
exportações.
"O ajustamento [dos periféricos] seria enormemente
facilitado pelo alívio dos fatores externos", dizem os economistas do
FMI. O que implicará forte procura externa (fomentada pelos membros da
zona euro com excedentes), condições de financiamento menos onerosas e,
também, uma depreciação do euro. "Ter no terreno transferências
orçamentais, condicionadas por exigência de governação forte, será
particularmente importante, dada a fraca mobilidade do trabalho e em
virtude de rigidez no mercado de trabalho na zona euro", sublinham os
investigadores. [...]
Ver artigo do Expresso e o Working paper do FMI
Ver artigo do Expresso e o Working paper do FMI
Sem comentários:
Enviar um comentário